Uma poderosa massa de ar de origem polar começou a se deslocar sobre o Sul do Brasil nesta segunda-feira, 30 de junho de 2025, conforme a Climatempo já advertia havia vários dias.
Por volta das 15 horas, os termômetros marcavam menos de 10 °C em quase todo o Rio Grande do Sul, em boa parte do interior catarinense e também no sul do Paraná. Às 21 horas, praticamente todo o território gaúcho já registrava valores inferiores a 5 °C.
Essa queda brusca reflete a quarta onda de frio de 2025, que ainda avança pelo centro-sul do país na primeira semana de julho, reforçando o cenário de temperaturas excepcionais, rigidamente.
Temperaturas registradas às 21h de 30/6/2025
- Urupema/Morro de Urupema (SC): -0,7°C
- Quaraí (RS): -0,6°C
- São Joaquim/Cruzeiro (SC): -0,3°C
- Cambará do Sul (RS): 0,2°C
- Canguçu (RS): 0,7°C
- Soledade (RS): 0,7°C
- Tupaciretã (RS): 0,7°C
Relatos de neve surgiram nas redes sociais na noite de segunda-feira, 30 de junho, na área de São Joaquim/Cruzeiro (SC) também.
Frio intenso afasta a chuva
O fim de semana foi marcado por precipitações volumosas que novamente ocasionaram transtornos no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina; contudo, a chegada desta forte massa de ar polar está empurrando as nuvens carregadas para longe da Região Sul.
Para esta terça-feira, ainda persiste a possibilidade de chuva fraca a moderada em trechos litorâneos, mas em praticamente toda a área já deverá predominar o sol.
Nos dias seguintes, o sistema de alta pressão associado ao ar gelado seguirá atuando sobre o Sul do país, mantendo o tempo firme e afastando o risco de novos temporais por vários dias consecutivos adicionais.
Terça-feira gelada
Na madrugada e nas primeiras horas da manhã desta terça-feira, 1.º de julho, as temperaturas deverão despencar em toda a Região Sul. Boa parte do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina experimentará registros negativos, e áreas do sul paranaense também podem ficar abaixo de 0 °C.
Com o ar extremamente frio, existe risco elevado de formação de geada em quase todo o Sul, conforme o mapa elaborado pela Climatempo. A ocorrência do fenômeno poderá afetar lavouras sensíveis e comprometer a rotina no campo. Zonas urbanas também podem amanhecer esbranquiçadas.
Também existe a chance de a água nos encanamentos congelar, formando inclusive finas películas de gelo sobre lagos.
Gelo negro
Além da geada, a madrugada e o amanhecer desta terça-feira, 1.º de julho, podem trazer a setores do Rio Grande do Sul e da serra catarinense um fenômeno traiçoeiro chamado gelo negro, ou black ice.
Trata-se de uma lâmina finíssima de gelo sobre o asfalto e também sobre pontes, formada quando há umidade na pista e a temperatura do solo cai abaixo de 0 °C. Como a película é transparente, a tonalidade escura do pavimento se mantém aparente, enganando motoristas e pedestres.
O perigo surge porque, ao não perceberem a camada escorregadia, condutores podem frear ou esterçar de forma brusca e perder o controle do veículo. Nos Estados Unidos e em outras regiões de inverno severo, placas alertam para o risco de black ice; no Sul do Brasil, tal sinalização ainda é rara, o que amplia a vulnerabilidade em dias úmidos e extremamente frios.
O processo é simples: chove ou garoa durante a tarde, a água fica retida nas depressões do asfalto, e, quando o ar polar avança à noite, a superfície congela em poucos minutos, transformando a estrada em um espelho invisível.
Para minimizar os riscos, especialistas recomendam reduzir a velocidade, evitar frenagens bruscas, manter distância do veículo à frente e, sempre que possível, conferir boletins meteorológicos antes de pegar estrada no período crítico.
Alerta para motoristas
A Defesa Civil do Rio Grande do Sul emitiu comunicado especial advertindo sobre a possibilidade de formação de gelo negro em estradas e pontes nesta terça-feira.
Quem trafega pela serra gaúcha, pelos Campos de Cima da Serra, por rodovias de altitude, vales profundos, pontes, viadutos e trechos especialmente permanentemente sombreados deve sempre dirigir com atenção redobrada, reduzir a velocidade e evitar manobras bruscas.
Onda de frio persiste até o fim da semana
A partir de quarta-feira, 2 de julho, a tendência é de que o gelo negro deixe de se formar, já que a umidade despenca com a atuação do ar polar. As condições para geada, entretanto, permanecerão elevadas nos três estados da Região Sul.
O núcleo do sistema continuará atuando com intensidade na quinta e na sexta-feira, enfraquecendo apenas durante o primeiro fim de semana de julho, quando as temperaturas iniciarão gradual lenta recuperação térmica.
