O mês de fevereiro começa sob a influência de um evento climático comum no verão brasileiro: a Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), que promove alta pluviosidade em extensas áreas do Sudeste e Centro-Oeste.
Mas, será que esse padrão persistirá durante todo o mês? E como será o clima nas outras regiões do Brasil? Vamos explorar juntos essas questões, analisando os principais fenômenos climáticos e suas previsões.
Temperatura da superfície do Oceano
No Oceano Pacífico Equatorial, nota-se uma área com temperaturas superficiais abaixo da média, sugerindo o começo de um La Niña, previsto para se estabelecer no início de 2025. Se confirmado, o La Niña poderá causar secas intensas no Sul e chuvas volumosas no Norte e Nordeste mais para o final do ano.
Contudo, em fevereiro, o fenômeno ainda não afeta significativamente o clima do Brasil. Por outro lado, as águas do Atlântico Sul, que banham a costa brasileira, estão mais quentes que o usual. Essa condição pode aumentar a umidade e energia disponíveis para tempestades, intensificando os sistemas climáticos atuais.
Oscilação Antártica
A Oscilação Antártica (AAO) é um índice que ajuda a prever o clima no centro-sul do Brasil com até duas semanas de antecedência. Valores negativos da AAO são favoráveis à atuação de sistemas de precipitação no sul do país.
No início de fevereiro, espera-se que a AAO permaneça majoritariamente negativa. Isso favorece a formação de sistemas transientes como ciclones e frentes frias, contribuindo para chuvas nas regiões Sul e Sudeste.
Oscilação de Madden-Julian
A Oscilação de Madden-Julian (OMJ) pode intensificar ou reduzir eventos de precipitação no Norte e Nordeste do Brasil, influenciando movimentos ascendentes (que tornam o clima mais chuvoso) ou descendentes (que o tornam mais seco).
As previsões apontam que a circulação relacionada à OMJ provocará fortes anomalias na parte norte do país nas próximas semanas, reduzindo as chuvas tanto no Nordeste quanto no Norte.
Anomalias de chuva para junho
O modelo europeu ECMWF indica padrões interessantes de precipitação paralelos aos fenômenos meteorológicos já mencionados. Primeiro, há uma expectativa de anomalias negativas de chuva na região central do país, incluindo Sudeste e Centro-Oeste.
Isso sugere uma menor formação da ZCAS, que pode se dissipar já na primeira semana de fevereiro. Em segundo lugar, observa-se uma anomalia positiva no Sul, alinhada com as previsões da AAO e indicativa de chuvas mais frequentes e intensas naquela região.
Importante destacar que as chuvas não cessarão nas regiões Sudeste e Centro-Oeste; com um oceano mais quente, tempestades ainda ocorrerão nessas áreas, mas com uma formação menos intensa da ZCAS e consequentemente chuvas menos severas.
Finalmente, apesar das anomalias negativas se estenderem até o interior nordestino conforme esperado pela OMJ, o litoral norte e grande parte do extremo norte terão precipitações acima da média devido à forte atuação da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT).
Anomalias de temperatura para junho
A maior parte do Brasil apresentará temperaturas acima da média durante fevereiro, indicando um mês extremamente quente.
A exceção ocorre no extremo norte, onde chuvas frequentes e maior nebulosidade contribuirão para temperaturas mais amenas. Nota-se ainda que as anomalias térmicas são particularmente elevadas no Sul no início de fevereiro, sugerindo uma possível onda de calor na região já na próxima semana.
Espera-se uma dissipação da ZCAS no centro do país ao longo do mês de fevereiro, reduzindo as chuvas na região. Enquanto isso, chuvas mais expressivas se formarão no extremo norte e na região Sul do país. Além disso,o mês de fevereiro será um mês mais quente que o normal.