O mês de junho encerra-se depois de várias semanas tomadas por um frio intenso sobre o centro-sul do Brasil.
A sucessão de frentes frias derrubou as temperaturas e promoveu chuvas volumosas no Sul, culminando em mais um episódio de desastre meteorológico no Rio Grande do Sul, com comunidades ainda em gradual e lento processo de recuperação.
Resta saber se a frequência dessas frentes frias carregadas de umidade e das massas de ar polar persistirá durante julho. A seguir, analisamos as previsões de médio prazo para entender como o próximo mês pode se comportar climaticamente.
Oscilação antártica em julho
Um dos indicadores-chave para esse período é a Oscilação Antártica (AAO), índice capaz de antecipar cenários no centro-sul brasileiro com cerca de duas semanas de antecedência. Quando o sinal permanece positivo, a formação de sistemas de precipitação nessa faixa do país tende a ser inibida, limitando episódios úmidos mais intensos.

Projeções indicam que, durante a primeira quinzena de julho, o AAO deverá permanecer em território positivo. Esse comportamento sinaliza que ciclones extratropicais e frentes frias terão dificuldade para progredir pelo continente, reduzindo sua influência sobre o Brasil sensivelmente.
Algumas frentes, é verdade, ainda poderão avançar discretamente pelo Sul e pelo litoral Sudeste, mas com força muito inferior à observada em junho. Esses sistemas devem se limitar principalmente ao Rio Grande do Sul, Santa Catarina e ao leste paulista, ocasionando chuvas pontuais e reduções moderadas de temperatura.
Como consequência, eventos críticos, como geadas amplas, bloqueios de rodovias ou inundações de grande escala, serão pouco prováveis durante esse primeiro trecho do mês.
O público urbano perceberá mais dias ensolarados, enquanto produtores rurais poderão aproveitar o intervalo para manejo e colheita sem paralisações significativas em praticamente todas as regiões.
Mais adiante, perto do limite da previsão, os modelos sinalizam que o AAO pode migrar para valores negativos. Caso a inversão se confirme, frentes frias retornarão com maior frequência na segunda quinzena; esses sistemas cruzarão o cone sul, mas, segundo os prognósticos climáticos atuais, ainda atuarão com intensidade moderada, distante dos extremos presenciados em junho.
Anomalias de chuva previstas para julho
O modelo europeu ECMWF, corrobora essa tendência: anomalias negativas de precipitação dominam praticamente todo o território nacional durante julho, indicando intervalos secos prolongados e ocorrência de chuvas apenas esporádicas em muitas áreas ao longo do período meteorológico.

A única exceção relevante é o extremo norte do país, bem como trechos do Nordeste, onde fluxos de umidade vindos do oceano e a Zona de Convergência Intertropical mantêm a instabilidade.
Nesses setores, cumulus de grande desenvolvimento vertical podem produzir acumulados superiores à média, favorecendo a agricultura de sequeiro, reabastecendo reservatórios e pequenos cursos d’água locais.
Anomalias de temperatura esperadas para julho
Com a menor frequência de frentes frias, os termômetros iniciarão o mês ligeiramente abaixo da média, mas deverão subir em ritmo constante. Projeções sugerem que grande parte do território atingirá valores acima do normal até o fim de julho, nas regiões Centro-Oeste e Sudeste, e também em setores do Norte.

Caso massas de ar frio avancem durante o período, a expectativa é de que se apresentem muito menos vigorosas que aquelas registradas em junho.
Episódios pontuais de frio ainda podem ocorrer, sobretudo na segunda metade do mês, mas não deverão provocar mínimas extremas ou geadas generalizadas. Numa visão agrícola, a menor severidade reduz sensivelmente o risco à safra de inverno, às pastagens, à cafeicultura e aos pomares no Sul.